Aumento de pacientes deixa UPA do Segundo Distrito no limite de atendimentos e médicos se queixam de falta de técnicos de enfermagem e equipamentos
Com a capacidade para o fluxo de atendimento chegando ao limite de saturação, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Segundo Distrito de Rio Branco, devido ao aumento exacerbado de casos da Covid-19 fez com que os infectados e suspeitos internados ficassem em um recinto só, de acordo com informações da gerência da unidade.
Sem ter como separar pacientes, por falta de espaço, médicos que atendem na unidade de saúde se queixam ainda da falta de profissionais técnicos em enfermagem para ajudar nos atendimentos, falta de adequação de protocolos para receber e liberar pacientes, além da falta de equipamentos como oxímetro de pulso e bomba de infusão. Estes foram alguns problemas detectados pelos diretores do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) durante vista realizada à unidade nesta terça-feira (5).
A UPA do Segundo Distrito registrou nesta terça-feira 45 pacientes internados adultos, 16 positivos para Covid-19, 24 aguardando resultado de exames, 5 pacientes indetectáveis, 1 paciente intubado na emergência clínica, 1 positivo na emergência clínica aguardando para ser intubado e 3 pacientes no trauma, suspeitos e com quadros clínicos instáveis.
De acordo com a direção do hospital, a pandemia afetou também os servidores da unidade, já que 5 técnicos, 3 enfermeiros e 2 médicos testaram positivo para o novo coronavírus.
De acordo com a enfermeira Ana Cláudia, responsável pela regulação do hospital e que representou a unidade durante a vista dos diretores do Sindmed-AC, a sobrecarga de trabalho é a maior preocupação no momento, além da falta de profissionais de saúde. “Temos casos em que 3 técnicos de enfermagem atendem 31 pacientes”, diz.
A reguladora da unidade afirmou ainda que enquanto a unidade conta atualmente com apenas 3 técnicos de enfermagem o limite necessário seria pelo menos 20 profissionais para auxiliar a equipe médica.
“20 seria o ideal para termos condições de assistência no trabalho. Estamos em uma situação limite, dezenas de internados, fora os que estão aguardando vagas para internação e a fila de pessoas lá fora esperando atendimento”, diz.
Um dos médicos que também falou da deficiência no número de técnicos de enfermagem, também frisou aos diretores do sindicato que teme que o INTO, que contará com mais de 60 leitos, demore para ser entregue como unidade para receber pacientes de Covid-19. O profissional diz que o ideal era que outras unidades também realizassem os testes para detectar a doença e evitar a saturação de capacidade da UPA do Segundo Distrito.
“São 150 a 200 atendimentos diários. Se pelo menos a UPA da Sobral e Unimed realizassem os testes nós teríamos uma carga de atendimento mais fácil de resolver”, diz.
Com relação aos equipamentos de proteção individual, a enfermeira Ana Cláudia afirmou que não tem faltado aos profissionais e elogiou o médico Fernando Assis, que coordena um grupo de alunos voluntários da Universidade Federal do Acre (UFAC) que trabalham na confecção de equipamentos e arrecadação de donativos. “ Se faltar algo, a qualquer hora do dia e da noite, o dr Fernando vem aqui deixar”, diz.
A primeira-secretária do Sindmed-AC, Jacqueline Fecury, afirmou ter ficado preocupada com o aumento de casos da Covid e com a capacidade da estrutura comportar tamanho aumento de casos, mesmo com a abertura do INTO .
“Ficamos realmente preocupados com a situação da UPA do Segundo Distrito diante do aumento de casos. Iremos procurar a direção da Sesacre. Nossa intenção é garantir que os médicos tenham condições de trabalho e assim possam continuar ajudando a população no enfrentamento à pandemia”, diz.
O vice-presidente do sindicato, Guilherme Pulici, também frisou a importância da Sesacre oferecer as condições adequadas para os médicos trabalharem e afirmou que a preocupação do momento é com a entrega do INTO.
“Se fizermos uma comparação de casos com a semana anterior podemos ver que algo precisa ser feito com urgência e seria interessante termos a garantia de quando o INTO começará a funcionar”, diz.