Sindmed-AC participa de sessão solene em homenagem ao Dia do Médico

Sindmed-AC participa de sessão solene em homenagem ao Dia do Médico

O vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC), Rodrigo Prado, representou a entidade na sessão solene em homenagem ao Dia do Médico, na manhã de quinta-feira, 14, na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac). O evento foi presidido pela médica e deputada estadual Michelle Melo, que teve a iniciativa de propor a celebração.

A atividade comemorativa contou com a presença de autoridades, além da presença de colegas médicos e representantes do Conselho Regional de Medicina (CRM).

Na oportunidade, Rodrigo Prado apontou que o Sindicato só existe, na atualidade, para lutar pelos direitos dos médicos, que acabam deixados de lado pelos políticos por uma série de desculpas, deixando de cumprir com o direito dos profissionais.

“Sonho com o dia em que os representantes eleitos pelo povo, logo após assumirem os seus mandatos, façam em suas gestões planejamentos austeros de longo prazo para se assegurarem de que o orçamento não estoure e de que o atingimento do teto da LRF nunca mais seja usado como desculpa (me desculpem, mas esfarrapada e inaceitável!) para que os devidos aumentos salariais sejam concedidos, anualmente, a todos os servidores, assim como prevê a CF, sem fazer distinção tão escancarada entre determinadas carreiras face a outras”, afirmou o sindicalista.

O Dia do Médico é celebrado no dia 18 de outubro, mas a sessão solene foi realizada em novembro por uma questão de agenda parlamentar.

Leia abaixo o discurso na íntegra:

Bom dia, Srs. parlamentares, aos quais cumprimento na pessoa da Exma. Dra. Michele Melo, que agora está deputada, mas que sempre será médica e que muito nos orgulha e nos representa enquanto categoria profissional. Aproveito para louvar o vosso gesto de render essa necessária – mas jamais hiperbólica! – homenagem aos médicos.

Peço vênias para também saudar – na eminente figura da Dra. Dilza -, conselheira federal do CRM junto ao CFM, a todos os médicos aqui presentes e a todos aqueles que, nesse exato momento, estão a salvar vidas nas unidades de saúde do estado; eles, que são a única razão de ser e que legitimam a existência do sindicato dos médicos!

No entanto, o meu maior sonho é o de que algum dia o sindicato dos médicos deixe de existir para sempre! Não! Os senhores não ouviram errado… foi isto mesmo o que eu quis dizer! Vou repetir: desejo profundamente que o mais brevemente possível o sindicato dos médicos encerre de uma vez por todas as suas atividades!

Soa paradoxal e chocante!? Também concordo! Mas, já explano melhor o meu intento: ouso dizer que não existe nenhum sindicato nesse estado que trabalhe mais em prol de sua categoria do que o sindicato dos médicos, sem qualquer demérito a nenhum outro! E o fato de trabalharmos diuturnamente indica que as coisas não vão nada bem!

É claro que quanto mais problemas e desafios existem para serem enfrentados em dada categoria profissional, mais se torna necessária a existência de alguém que lute pelos seus direitos! E é ótimo que existam pessoas encarregadas de brigar por nós quando se faz necessário, mas, infelizmente, a medida da intensidade de energia necessária à briga demandada por dada classe profissional (que é efetivamente consubstanciada pelo sindicato que a representa) é, em grande medida, (mormente naquilo que há de mais sensível à categoria, ou naquilo que representa a dor maior da categoria – sua remuneração!), inversamente proporcional à magnitude da adoção de políticas que resultem em efetiva e concreta demonstração de seu reconhecimento e valorização por parte daqueles que têm a função de promovê-los e provê-los, ou seja, os políticos, sejam eles parlamentares ou, sobretudo, os representantes do poder executivo!

Resumindo, para ficar mais claro o que tenciono dizer: quanto mais brigas precisamos travar no sindicato (e que chegam ao extremo de deflagração de movimentos paredistas), é sinal de que menos a classe política, via de regra, tem feito o seu papel em prol de assegurar nossos devidos direitos, nosso reconhecimento e nossa valorização, inclusive financeira!

Sonho com o dia em que os representantes eleitos pelo povo, logo após assumirem os seus mandatos, façam em suas gestões planejamentos austeros de longo prazo para se assegurarem de que o orçamento não estoure e de que o atingimento do teto da LRF nunca mais seja usado como desculpa (me desculpem, mas esfarrapada e inaceitável!) para que os devidos aumentos salariais sejam concedidos, anualmente, a todos os servidores, assim como prevê a CF, sem fazer distinção tão escancarada entre determinadas carreiras face a outras.

Nós precisamos ter sindicato forte e vivo! (ainda) para lutar (ainda), de forma pujante e, não obstante, bastante desproporcional, às vezes insuficiente, por mais que cheguemos aos limites de todas as nossas forças e dedicações, tendo que lançar mão do expediente extremo de greves, a fim de que possamos conseguir, às vezes, migalhas ou poucas coisas, nenhum aumento ou então aumento salarial sempre aquém do suficiente para a reposição das perdas inflacionárias (quando comparado à casta da elite financeira do funcionalismo… digo elite financeira, porque nós, sem dúvida alguma, estamos no topo da elite dentre todas as carreiras, pois cuidamos do bem mais precioso da vida… a própria vida!), enquanto que uma casta seleta de carreiras, religiosamente, todos os anos, ano após ano, sem fazer greve, sem precisar de fazer assembleias com a categoria, sem ingressar com ações na justiça, sem intermináveis reuniões improdutivas com o governo, conseguem aumentos salariais regularmente acima da inflação!

Ora, essa casta de servidores não precisa de ter sindicatos, afinal, conquistam tudo o que querem, sem muita luta e esforço!

A bem da verdade, não sei nem se têm ou não têm sindicatos, mas o fato é que sequer precisariam tê-lo ou, então, poderiam ter sindicatos meramente cartoriais, pois na prática funcionariam mais como associações do que como sindicatos! O meu sonho é esse: de que algum dia a categoria médica não precise mais ter um sindicato!

Recordo-me de que há não muito tempo, em alguma de nossas últimas negociações grevistas com o governo, ouvi dizer que na antessala da ALEAC um representante de uma categoria teria se reunido com alguns parlamentares e dito: nós queremos assim e assado! E pronto! Foram atendidos rigorosamente! Sem greve, sem choro nem vela!

Outro grupo de servidores conquistou um auxílio-alimentação de 3 mil reais, aparentemente sem muita dificuldade. Isso é revoltante e é discrepante!

Revoltante não porque eles não o mereçam, mas porque os pesos e medidas são muito injustos, afinal, não só acreditamos, mas temos plena certeza de que nós também o merecemos!

Algumas carreiras já se iniciam com um piso salarial superior ao de todos os profissionais da saúde e, considerando os aumentos constantes, regulares anuais que têm logrado acima da inflação, o fosso de desigualdade vai se alargando absurdamente, de tal forma que no médio e longo prazo a diferença se torna e se tornará gradativamente cada vez mais abissal!

Não é justo que haja uma diferença tão grande entre dadas categorias de servidores quando da concessão do reajuste geral anual, considerando que algumas já iniciam suas carreiras gozando de um patamar remuneratório muito superior às outras!

Sonho com o dia em que a CF e a Constituição do Acre se façam respeitadas quando dispõem sobre a necessidade de que a remuneração dos servidores públicos seja definida por um conselho de política de administração e de remuneração de pessoal, que deve ser composto por servidores!

Sonho com o dia em que o governo do estado e os parlamentares planejem e deliberem sobre uma política remuneratória mais equitativa e justa para os servidores do estado, considerando a relevância, a complexidade e a essencialidade das profissões da saúde e, sobretudo, de nós médicos!

No dia em que isto acontecer o meu maior sonho se concretizará: fechar as portas do sindicato! Quanto mais os políticos (em geral) trabalharem e fizerem direito o seu papel, menos os sindicatos precisarão de existir ou menos lutas terão de travar!

No dia em que tal sonho se concretizar eu tirarei esse boné aqui do sindicato e pendurá-lo-ei na parede de casa como uma relíquia dos bons tempos de lutas memoráveis! Mas, por ora, feliz ou infelizmente, nosso sindicato ainda precisa, e muito!!! de existir! Contudo, assim como o choro é livre, o sonho também o é! Obrigado!

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