Falta de concurso público pode resultar na falta de médicos para atender às grávidas
Diretores do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) constataram o agravamento da precarização do trabalho médico na Maternidade Bárbara Heliodora (MBH), na tarde de quinta-feira, 20. No local, que deveria ser tratado como linha de frente no enfrentamento contra o coronavírus (Covid-19), os profissionais estão sendo contratados sem concurso público e sem receber direitos básicos, como o pagamento do adicional Covid.
Segundo o diretor sindical, Ítalo Vieira, sem concurso público, muitos especialistas formados no Acre estão preferindo procurar emprego em outros estados, causando verdadeiros buracos na escala de trabalho. Em boa parte dos plantões, a quantidade de obstetras chega a dois, sendo que a quantidade mínima de médicos para um atendimento de qualidade seria de cinco.
“Com apenas dois ou três plantonistas, o atendimento ambulatorial das grávidas que chegam com dores, sangramento ou em trabalho de parto é interrompido total ou parcialmente toda vez em que existem cesarianas ou partos com intercorrências. A situação se agrava ainda mais por existir apenas duas salas de centro cirúrgico em funcionamento”, alertou o representante.
A diretora do Sindmed-AC, Cibele Brígido, ainda verificou que só existem médicos para atender a população, porque eles chegam a realizar plantão extra. Se todos os profissionais deixassem de dobrar os plantões a maternidade fecharia e as grávidas ficariam sem atendimento.
“A situação é muito grave, por isso reivindicamos concurso público. Os obstetras formados nas residências realizadas no Acre acabam procurando outros estados que ofereçam emprego e melhores condições. Este contrato precário expõe o profissional e prejudica o paciente”, protestou a sindicalista.
Os membros da entidade também encontraram a falta de especialistas suficientes na UTI neonatal devido a falta de concurso público. O setor vem funcionando com uma média de três profissionais, enquanto o mínimo exigido seria de cinco servidores.
A situação será encaminhada ao Ministério Público Estadual (MPE) para pedir uma investigação contra o gestor.