Sindmed-AC cobra do Igesac o fim das ameaças contra médicos que extrapolam a jornada de trabalho para salvar vidas
O presidente do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC), Guilherme Pulici, se reuniu com a diretoria do Instituto de Gestão de Saúde do Acre (Igesac) para cobrar a mudança de postura adotada pelos administradores que vêm cobrando dos médicos o encerramento do plantão dentro do horário marcado, chegando a notificar os profissionais que estão demorando para sair do hospital em virtude dos atendimentos de pacientes que correm risco de morte. Com a demora média de 20 minutos, o ponto eletrônico acaba registrando as horas a mais como extra.
Para o sindicalista, a notificação é desumana na medida em que não compreende a necessidade de garantir a atenção ao atendimento das pessoas que chegam na unidade de saúde buscando socorro.
“Os médicos acumulam horas extras porque não podem parar no meio de uma ressuscitação para bater o ponto. O médico precisa esperar o plantonista do próximo horário, principalmente na UTI, para explicar para o colega a condição clínica de cada paciente. Os gestores estão ignorando a necessidade do cuidado com a vida”, protestou o representante dos médicos.
Os membros do Igesac explicaram que a notificação foi enviada para pedir que os servidores respeitem os horários de intervalo e de saída, e que horas extras não podem ser realizadas sem autorização, sendo obrigado a justificar, por escrito, os minutos que os profissionais extrapolaram. Como o documento não apresentava a orientação referente a justificativa, eles prometeram alterar a redação e reenviar a informação apresentando o formato correto, explicando como os trabalhadores devem proceder em caso de necessidade.
“Foi preciso demonstrar que existe um erro em todo o formato de notificação, que ignora a responsabilidade do servidor. É preciso passar alguns minutos do horário para oferecer conforto ao paciente, e o médico não pode ser punido”, justificou o presidente do Sindmed-AC.
O Igesac afirmou que os fiscais do trabalho cobram a necessidade de comunicação antecipada de plantões. O Sindicato irá procurar os fiscais para confirmar a informação mesmo que seja impossível prever quando existirá uma emergência que poderá extrapolar o horário do plantão.